Incialmente, a Inovação em empresas do agronegócio não é para ganhar o jogo, a inovação é sobre mudar o jogo e é isso que cada vez mais estamos vendo no nosso setor. Empresas abertas a inovação e que se preparam para isso são muito mais eficientes na captura de valor, no ganho de market share e na ampliação de seus negócios.
Além disso, estamos em uma época de pensamento exponencial onde as ideias e as inovações multiplicam se em questão de segundos. Em 1950 levava-se um ano para dobrar o volume de dados, estima-se que em 2025 esse mesmo volume será dobrado em 2 horas.
Ou seja, o agricultor brasileiro ao contrário de outros agricultores do mundo esta ficando cada vez mais jovem e isso faz com que a inovação esteja no cerne dele. Sabemos que o perfil dos agricultores dividem-se em 4 grupos: os inovadores, os movidos a preço, os que gostam de conveniência e os que gostam do relacionamento, mas que no fundo todos eles querem aumentar a produtividade, reduzir os custos, ter segurança na colheita e ter rentabilidade e para isso criaram uma máquina de gerar valor e de inovação no campo, não importando se eles são os primeiro a adotarem a tecnologia, ou os últimos.
O Brasil foi o país que mais rapidamente teve as inovações implementadas no campo devido a esse viés de inovação constante.
Nos últimos 40 anos, é notório que a produtividade brasileira cresceu de 50 milhões de toneladas de alimentos para mais de 300 milhões em uma área que saiu de 50 milhões de hectares para 60 milhões. Ou seja, tudo isso está trazendo inovação ano a ano em sementes, proteção de cultivos, uso de biológicos, manejo integrado de pragas, biotecnologia dentre outras.
Fonte: Visão 2030, Embrapa (2020)
Recentemente em uma pesquisa feita pela Mckinsey 19% dos agricultores entrevistados já fazem parte de algum tipo de pool de compras e 18% adicionais pretendem ingressar em pools nos próximos 12 meses. A relevância da marca está caindo à medida que as fazendas migram para a nova geração, o que ressalta a importância de inovação, seja ela em produtos, processos, acesso ao mercado ou digital.
Mas afinal, como as empresas estão inovando e pensando no digital como forma de inovação?
Atualmente algumas empresas já assumem diferentes estratégias com inovação e digital, posicionados em diferentes arquétipos.
Fonte: McKinsey, 2021
Exemplos na prática de empresas que implementam inovação em seus negócios
Basf– Industria com Braços digitais | distribuidores – pedidos, planejamento, entregas, rebates. Xarvio – reconhece pragas portal de produtos – para incentivo e aprendizado dos vendedores.
Bayer – Já caminhando na experiência ominichannel.
Syngenta – Bem estruturado na experiência ominichannel.
Corteva – Industria com braços digitais | foco nas soluções e tecnologias do mercado para o ciclo produtivo completo do agricultor, suportando em decisões mais seguras e assertivas.
UPL – Na índia com solução ominichannel completa Nurture.com, no Brasil ainda pensando em um braço digital.
Criando passos de aprendizado para gerar estratégias de fidelização e geração de valor
Por um outro lado, Startups começaram a gerar valor pontual com soluções mais dedicadas a empresas, e algumas empresas seguiram o exemplo delas.
Ao ver o grande volume de soluções que estavam surgindo o mercado começou a posicionar de forma integrada, mas ainda olhando a venda.
A estratégia de fidelização e geração de valor é na experiência ominicanal, onde as empresas começam a mudar seu posicionamento, para gerar valor na jornada do agricultor.
Mas a pergunta que fica, é onde podemos como empresa gerar valor e iniciar uma jornada digital? Criando passos de aprendizado.
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
Ao mesmo tempo, buscar uma plataforma de ouvir, catalisar e buscar tecnologias emergentes e pensar em maneiras de digitalizar o seu negócio.
Ou seja, um Hub interno ou externo de inovação utilizando o seu time e suas forças com visão e estratégia claras, e com processos de governança bem definidos.
Fonte: Innovation Capabilities, Innovation Framework, (Khasoravi,2019)
Fonte: Stage gate method Innovation, Grimsby (2019)
A verdade é que são nas dores da agricultura que a inovação contribuirá para a capilaridade da produtividade.
Por isso, vamos aproveitar que o agricultor quer aderir as tecnologias, 53% dos agricultores estão dispostos a adotar pelo menos uma das práticas tecnológicas nas próximas duas safras: VRA (Variable Rate Application), Drones, Sensoriamento Remoto, Telemetria e internet das coisas forma uma dessas tecnologias.
LEITURA RECOMENDADA
Conectividade no campo impulsionando a agricultura e a sustentabilidade
Fonte: “The Brazilian farmers’s mind in the digital era” da McKinsey, janeiro de 2020
Conclusão:
Contudo, tudo isso precisará ainda mais de apoio para concatenar e colocar em prática a inovação. Afinal, as soluções ainda precisam trazer mais facilidade e entendimento ao agricultor. Porque você acha que a tecnologia que o agricultor mais utiliza hoje é o Whatsapp.
Portanto, vamos aprender com isso e trazer facilidade, agilidade, visto que a fluência tecnológica ainda é limitada. A falta de entendimento das capacidades completas do produto e a falta de vendedores treinados ainda são vistos como limitando a adoção mais ampla.
Afinal, esse é o nosso grande desafio para inovar e aumentarmos ainda mais a produtividade e a rentabilidade dos agricultores. Será o nosso papel trazer essas inovações pois eu só tenho uma certeza. O Agricultor brasileiro irá adotar.
Escrito por: Renato Seraphim
Renato é CMO da UPL no Brasil, possui mais de 26 anos de experiência no agronegócio, tendo atuado em cargos como CEO em empresas do setor, é formado em Agronomia e professor associado da Cumbre.