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Indústria, agricultura e sociedade regenerativas: O novo capítulo da evolução humana

Uma aula inspiradora e uma nova visão: a sociedade regenerativa

Após ministrar uma aula sobre agricultura sustentável no MBA da Cumbre Agro em março deste ano, tive o privilégio de assistir a aula inspiradora da professora Flávia Ramos, falando sobre pessoas nas empresas. Em seu último slide ela abordou a sociedade regenerativa, um conceito recente que vem se posicionando como a evolução da indústria 4.0, aproveitando todos seus avanços tecnológicos em favor do ser humano, da personalização de soluções, da transparência, da ética e do meio ambiente. Essa seria a pegada da indústria e sociedade 5.0.

Naturalmente fiz uma conexão direta deste conceito com a agricultura regenerativa tropical, o que me fez refletir sobre a evolução da indústria, agricultura e sociedade de forma integrada.

A evolução histórica da indústria e da agricultura

Das revoluções industriais à indústria 4.0

A humanidade atravessou grandes marcos históricos que transformaram radicalmente sua forma de produzir, viver e se relacionar com o meio ambiente. Da primeira revolução industrial à atual indústria 4.0, mesmo com aumento das preocupações ambientais, ainda prevalece a prática de tratar os recursos naturais como se eles fossem infinitos. A matriz energética dependente de carvão e petróleo e o aumento das emissões de CO2 a partir de combustíveis fósseis permanecem, mesmo diante dos esforços de alguns países, das conferências e acordos globais sobre o clima. É impressionante que mesmo com todo o avanço da informação em tempo real, da internet das coisas, robótica e big data, o volume de resíduos, a qualidade do ar e da água seguem se deteriorando a cada ano.

As revoluções verdes e os desafios da agricultura moderna

As chamadas revoluções verdes ou revoluções agrícolas, a partir de 1960, trouxeram aumentos significativos de área e produtividade para alimentar um planeta faminto, mas também trouxeram degradação de solos e desmatamento visando maior oferta de alimentos. A qualidade do solo, se tornou o maior patrimônio que um empresário rural pode ter, o que motivou o investimento em práticas agrícolas para sua preservação em muitos países, sendo o Brasil um exemplo real e positivo nessa direção. A Inovação, agricultura de precisão e automação com a aplicação de tecnologias digitais marcaram a Agricultura 4.0 com avanços em sustentabilidade, uma revolução pouco percebida pela população urbana, mas o meio rural já consegue ver e comprovar a viabilidade de se produzir mais com menos impacto.

A geração Z e a mudança de valores

A geração Z, dos jovens nascidos entre 1995 e 2010 é a primeira geração que cresceu com a internet de alta velocidade, smartphones, redes sociais e cultura digital desde a infância. Esta geração é marcada por anseios de propósitos, autenticidade, engajamento com as causas sociais, questionando o status quo com uma preocupação ambiental e valorização da equidade muito maior que as gerações anteriores.

O paradigma regenerativo: uma proposta além da sustentabilidade

Diante das crises sociais e ecológicas, começa a emergir um novo paradigma: o regenerativo. Mais do que reduzir danos, ele propõe restaurar sistemas, criando valor ambiental, social e econômico de forma integrada.

O que é indústria regenerativa?

A indústria regenerativa rompe com o modelo linear de extração, produção e descarte. Ela se baseia em ciclos fechados, aproveitamento integral de recursos, uso de energias renováveis e inovação biomimética, que busca soluções baseada na natureza. Vai além da sustentabilidade: inspira-se na lógica dos ecossistemas, onde nada se perde e tudo se transforma em insumo para outra etapa como a desejada economia circular. Empresas que adotam esse modelo passam a gerar impactos positivos, e não apenas “menos negativos”.

Como funciona a agricultura regenerativa?

A agricultura regenerativa, por sua vez, resgata o solo como protagonista. valorizando práticas como plantio direto, integração lavoura-pecuária, rotação de culturas, manejo integrado de pragas e doenças e sistemas agroflorestais. O objetivo não é apenas produzir alimentos, mas revitalizar ecossistemas, aumentar a resiliência climática, restaurar ciclos hidrológicos e gerar riqueza local.

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A sociedade regenerativa: uma convergência transformadora

Essas duas transformações convergem em algo ainda maior: a sociedade regenerativa. Uma sociedade onde as pessoas são parte ativa de sistemas vivos, conectadas ao território, e movidas por propósitos que transcendem o lucro. Nela, educação, cultura, economia e política convergem para fortalecer o bem comum, a equidade e a resiliência das cidades e comunidades.

Tecnologia e ética a serviço da regeneração

O conceito integrado de indústria, agricultura e sociedade regenerativas cria sinergia e consistência, seria como um resgate de princípios e valores onde a tecnologia e a informação mais ética e transparente, seriam colocadas a serviço dos seres humanos e não somente das empresas e governos.

Conclusão:

Entre o otimismo e o desafio

Acredito que o momento político e econômico atual dos países que direcionam as tendências globais é muito delicado, o que torna desafiadora uma revolução regenerativa ampla, mas estou otimista com a consciência e proposta de que a indústria, a agricultura e a tecnologia sejam colocadas como pilares para a regeneração e não somente para a produção.

A nossa agricultura 5.0 já está em campo, o agricultor está trabalhando para alimentar 10 bilhões de pessoas. Regenerar não é voltar ao passado, mas sim produzir com ciência e consciência.

Escrito por: Eduardo Leduc 

Leduc foi CEO da Basf para América Latina, possui mais de 38 anos de experiência no setor e mais de 30 anos em cargos de gestão. Engenheiro agrônomo de formação e professor associado da Cumbre.

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