Antes de tudo, quem não viu ou ouviu dizer que o Agro é pop, é rock e é tudo. Soa muito bem, não é mesmo! Afinal, na mesma sintonia e de forma plausível, também ressoa a afirmação de que Brasil é o celeiro do mundo. A verdade é que é fato a importância e o impacto do agronegócio na economia brasileira são inquestionáveis e a variedade e pujança dos números, tais como os de produtividade, crescimento, exportação, impacto no PIB, dentre outros, corrobora com essa afirmação.
Porém, somente quem vive esse mercado sabe quão grandes são os desafios enfrentados, de segunda a segunda, faça chuva ou faça sol. Viver o agronegócio significa experienciar um dos setores mais dinâmicos e, ousamos dizer, mais complexos que existe.
O ‘modus operandi’, principalmente na agricultura, foge dos padrões mais conhecidos em praticamente todos os quesitos. Os ciclos e formatos de compra, recebimento, pagamento, entrega e estoque… são diferentes. Além do mais, ao colocar todos estes requisitos dentro do pacote da gestão, temperando-os com a dinâmica, complexidade e todas as incertezas impostas pelo macroambiente (PESTAL – variáveis: Políticas, Econômicas, Sociais, Tecnológicas, Ambientais e Legais), torna-se cada vez mais estratégico. Sendo assim, a nossa conclusão é que pensar e agir estrategicamente representa um verdadeiro divisor entre o sucesso e fracasso de uma companhia.
O desafio
De acordo com o Departamento do Censo dos EUA, em setembro de 2023 a população mundial atingiu a marca de 8 bilhões. Mesmo com desaceleração do crescimento populacional global, o Agro busca a melhor resposta à pergunta: como produzir mais, num menor território, com menos água e com imprevisibilidade da variável Ambiental? Seria algo do tipo: fazer mais em menos e com menos.
O Estrategista de que o seu negócio tanto precisa
Porém, você, como um Estrategista, sabe que quanto mais turbulento é o entorno empresarial, quanto menos segurança temos, quanto mais rápida, volumosa e imprevisível é a mudança, mais a empresa necessita da gestão estratégica. Ao mesmo tempo, quanto mais complexo é o contexto, mais simples se deve definir a Estratégia. E mais, quanto mais indefinido é o entorno, mais clara se deve ter a Vantagem Competitiva.
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O Estrategista é a pessoa que deve orientar, de forma contínua, o processo de análise, reflexão, design e execução da Estratégia, observando, identificando, avaliando, atuando e decidindo as questões mais críticas. É por isso que Estratégia e Liderança são inseparáveis. Todos os líderes, não apenas os responsáveis pela Estratégia, precisam aceitá-la como centro de suas responsabilidades. A conclusão da aclamada professora de Harvard, Cynthia Montgomery, é:
“Por mais que você e seus colaboradores trabalhem duro, por mais maravilhosa que seja a cultura da empresa, por mais que suas motivações ou seus produtos sejam bons, se você não tiver uma boa Estratégia, todo o resto estará em risco”
Você, como um estrategista, tem que ter clareza do que precisa hoje e tomar decisões que direcionem sua empresa neste sentido. Por vezes se omitir ou tomar uma decisão tardia pode colocar seu negócio em risco.
Pontos de Atenção e Insights Estratégicos
Em suma, nosso objetivo aqui é compartilhar alguns pontos e insights reforçam a importância de se ter uma Estratégia e, de forma uníssona com a liderança, executar o que foi planejado. Aqui vai o primeiro ponto: a Estratégia é uma rota, não uma reta, isto é, a flexibilidade e a agilidade são respostas autênticas diante da imprevisibilidade e velocidade das mudanças.
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Além do mais, um dos nossos gurus preferidos é o Tom Peters. Considerado por muitos como sendo o Pai da Administração pós-moderna, provocador e irreverente por excelência, ele afirma que a “Estratégia é mercadoria e a Execução é arte”. Concordamos com ele. A capacidade de implementar a estratégia com excelência é tão desafiadora que conquistar tal competência resulta em uma grande fonte de vantagem competitiva.
A verdade é que a execução da estratégia acontecerá na mesma proporção que você e o time dedicarem a ela. Por isso, distinguir o tempo dedicado à gestão da estratégia e a gestão da operação é imprescindível. Recordemos que o mais comum é tornarmos ‘prisioneiros’ das nossas rotinas e ‘reféns’ da operação, não sobrando tempo da a Estratégia.
Outro ponto que merece destaque é sobre o segundo maior desafio interno que as organizações enfrentam e que representa o produto que você entrega para a companhia e pelo qual é remunerado: a tomada de decisão! Gerar a informação certa, no momento certo e para a pessoa certa origina em decisões mais assertivas. Provavelmente, você deve estar perguntando que, se a disponibilidade, formato e tempestividade da informação é fundamental a tomada de decisão, qual será o maior problema? A resposta é Alinhamento! Ter o time jogando, conscientemente, mesmo jogo, com o mesmo gol, o mesmo campeonato e título em mente, representa o maior desafio interno a ser encarado de frente.
Uma pesquisa relacionada ao Alinhamento, mostrou um dado alarmante. De acordo com esse levantamento, quando perguntaram para os líderes e gestores se ele acredita que ‘pode contar com a sua equipe e líder imediato todo o tempo ou maior parte do tempo’, a resposta foi positiva em 84%. Entretanto, ao serem indagados sobre suas percepções sobre os seus pares, ou seja, o quanto acreditam que ‘podem contar com os seus pares, todo o tempo ou maior parte do tempo’, o resultado despencou para 9%.
Para compartilhar o próximo ponto de atenção, recorremos aos criadores do Balanced Scorecard – BSC, Norton e Kaplan. Estar consciente das barreiras enfrentadas em todo esse processo estratégico, eleva a chance de sucesso na Execução. São elas:
Barreira da Gente:
Somente 5% dos colaboradores pertencentes ao nível operacional compreendem a visão de futuro do negócio.
Barreira da Gestão:
Em média, 85% dos executivos passam menos de uma hora ao mês discutindo a Estratégia. Apenas 50% dos líderes ou gestores discutem suas estratégias com os membros da equipe. E tem mais, somente 32% das organizações possuem mecanismos eficazes de monitoramento e controle da evolução de suas estratégias.
Barreira dos Recursos:
Praticamente 78% das organizações simplesmente NÃO relacionam a estratégia com orçamento, ou seja, não financiam a estratégia (recursos financeiros e humanos).
Barreira dos Incentivos:
Só 25% dos gerentes têm incentivos vinculados à Estratégia.
Conclusão:
Sendo assim, o insight final vem do gigante desafio compartilhado acima: como produzir mais, num menor território, com menos água, diante de tanta imprevisibilidade? Definitivamente a resposta pelo tema Inovação. Conforme afirma o expert em Estratégia, Vijay Govindarajan, Estratégia é Inovação!
Terminamos aqui com uma famosa frase:
“Você deve aceitar o que não pode modificar, ter coragem para mudar o que pode ser mudado e sabedoria para distinguir uma da outra”
Escrito por: Thomas Britze e Dobson Borges
Thomas já foi CEO da Bayer, Helm e AMVAC, possui mais de 38 anos de experiência no setor, hoje é consultor e conselheiro de várias empresas agro e professor associado da Cumbre.
Dobson é um reconhecido consultor e professor de Estratégia, com mais de 25 anos de experiência, atuando em multissegmentos. Atua com o Thomas Britze em vários projetos estratégicos.