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Marketplaces do agro: tendências do segmento

marketplaces no agro

Como já escrevi anteriormente, considero que a transformação digital no Agro está ocorrendo em 3 grandes esferas:

A primeira delas está relacionada ao manejo agropecuário. Ferramentas de agricultura digital são realidade no dia a dia de uma fazenda empresarial hoje. Ter o conhecimento exato de como está sua lavoura, em tempo real, com alto nível de precisão vem ajudando empresários rurais a tomarem melhores decisões técnicas, aumentarem sua produtividade, minimizarem custos e impactos inerentes a uma atividade sujeita a variações climáticas e biológicas.

Ainda relacionado ao que chamamos “dentro da porteira”, vemos uma tremenda evolução na gestão de negócio. Os famosos ERPs, que eram ferramentas exclusivas de grandes corporações, com configurações adequadas a uma atividade industrial, de serviço e urbana hoje estão difundidos na operação agropecuária, adaptados a realidade de um produtor rural e contribuindo com boas práticas de governança, organização, estabelecimento de processos e fluxos financeiros.

A terceira esfera, na minha visão a mais recente das 3, está relacionada as transações comerciais. Defino aqui transações comerciais de maneira mais ampla, envolvendo não somente a compra de insumos pelo produtor rural, mas também os processos de obtenção de crédito, a contratação de serviços, a comercialização de comodities e todas outras transações que podem ocorrer na orbita de um produtor rural garantindo que tenha condições de obter tudo que é necessário para sua produção, bem como, realizar seus lucros ao final de uma safra.

É justamente nessa terceira esfera que vemos o aparecimento de empresas, dedicadas a facilitar transações comerciais de maneira digital e servindo a alguns elos da cadeia, a depender da sua amplitude de atuação. Os tais Marketplaces!

A origem desse movimento está baseada em 3 relevantes fatores de transformação do nosso mercado:

1- Nova geração de agricultores com maior nível educacional e familiaridade com tecnologia;

2- A profunda transformação em curso no mercado de distribuição e nas teses de acesso ao mercado;

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3- A democratização da tecnologia que permite essas soluções emularem digitalmente os processos comerciais off-line com segurança, escala e menores custos.

Tendências 

Dado a recência desse movimento (empresas pioneiras nesse mercado possuem menos de 4 anos de vida) as tendências futuras ainda não estão tão demarcadas. Note que dúvidas conceituais sobre a diferença entre e-commerce e marketplace são presentes em gestores experientes no mercado que ainda acreditam que os modelos são excludentes e que é necessário fazer a escolha por um deles. Todavia, os fatores geradores desse movimento podem nos dar algumas pistas sobre o que virá no futuro.

Manutenção de um mercado em crescimento com eventual aparição de novos jogadores

A comercialização digital representa hoje aproximadamente 1,5% das vendas do mercado agrícola. Existem estudos apontando que esse modelo deve atingir 15% de participação em 5 anos, acompanhando o aumento da relevância das novas gerações no controle das propriedades rurais. Nesse patamar de participação de mercado tal modalidade de acesso deixará de ser uma escolha ou um teste e necessariamente deverá ser adotado por empresas dispostas a acessar esse perfil de produtor rural.

Coopetição

O natural amadurecimento do conceito permitirá a participação ampla de empresas na área digital não se limitando a escolha entre montar seu próprio e-commerce ou participar de um marketplace. Mercados mais maduros na indústria de consumo já nos mostram isso. É muito natural empresas possuírem seus e-commerces provendo uma plataforma de autoatendimento ao seu cliente, mas também participarem de marketplaces objetivando ampliar carteira de clientes dado o alcance do marketplace, mitigarem riscos de operações por ferramentas financeiras desenvolvidas pelo marketplace, potencializarem campanhas comerciais etc.

Fluxos de negócio inovadores

Como mencionado anteriormente, a primeira onda de implementações de ferramentas digitais de comercialização se dedicou a emular os fluxos tradicionais e off-line de compra e venda em um ambiente digital com segurança e escalabilidade. Esse aprendizado dos marketplaces possibilitará a criação de novos fluxos de transações comerciais combinando diferentes possibilidades em uma nova oferta ao produtor. Lembrem-se do momento de criação da Amazon emulando a venda off-line de livros no ambiente digital que possibilitou na criação do Kindle, ou nos termos usados, um novo fluxo de transações comerciais no mercado literário.

Não tenho dúvida que estamos vendo um novo mercado sendo criado, e como toda inovação, as tendências são mais voláteis. Agora, estar atento e principalmente participando da transformação me parece ser a melhor maneira de entender ou até mesmo ditar essas tendências.

Escrito por: Ivan Moreno

Ivan é CEO da Orbia, um dos maiores marketplaces do agronegócio, possui mais de 25 anos de experiência no setor, formação em TI e professor associado da Cumbre.

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