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Planejamento comercial no agronegócio em anos de crise

planejamento comercial no agronegócio em anos de crise

Olá amigos, estamos novamente aqui para bater um papo descontraído sobre planejamento comercial no agronegócio em anos de crise, mas muito importante para nós que vivemos do Agronegócio Brasileiro, responsável por algo em torno de 24% do PIB nacional.

Desafios do cenário atual

Nos dados divulgados pelo IBGE nos últimos dias, o PIB brasileiro cresceu 2,9% em relação a 2022, e nós do Agro, crescemos 15,1 p.p.. Realmente um resultado muito importante e positivo, mas que veio carregado de uma preocupação geral dos agricultores. No fina de 2023, já existia uma forte sinalização que a safra 23/24 sofreria com intemperes relacionadas ao El Niño.

 E realmente esses problemas chegaram, de forma diferente em cada uma das regiões produtoras, mas causando uma redução na produtividade de milho verão e principalmente, da soja. E com esta queda e atraso no plantio, também a safrinha ficou prejudicada.

Além disso, para surpresa dos mais novos, após 7 anos de uma relativa tranquilidade e de dois anos onde todos puderam desfrutar de um cenário de alta produtividade e preços altos, estamos novamente num momento de crise no setor.

 Se esta crise será localizada, grave ou passageira, somente o tempo nos dirá, mas uma coisa podemos garantir, este ano necessitamos estar preparados para trabalhar muito no planejamento da safra. E isto vale tanto para o agricultor, quanto para nós da indústria. Dito isso, vamos entender um pouco mais como podemos trabalhar nestas duas frentes.

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Planejamento estratégico no agronegócio 

Primeiramente, nosso cliente, o Agricultor:

Na indústria, nos acostumamos a conversar e trabalhar para entender a jornada do agricultor, baseada nas culturas e nos investimentos que ele adota ao longo do ano agrícola, e, na minha opinião ela serve muito bem como pano de fundo para nosso bate papo.

Quanto o agricultor encerra suas colheitas e finaliza o ano agrícola, ele descansa por um período pequeno, e novamente já embarca em sua jornada, começando a entender quais serão as culturas que ele irá plantar, a quantidade de cada uma delas, e principalmente, o escalonamento destes plantios.

Esta etapa de planejamento muitas vezes é menosprezada, pois pode parecer simples e com isso, muitos agricultores não investem tempo neste planejamento. Ou quando fazem, acabam por planejar muito bem o dentro da porteira, mas não olham com a mesma atenção a comercialização da produção, ou as oportunidades de se precaverem contra possíveis problemas.

Sabemos que dentro da porteira, acredito que podemos lembrar nossos clientes que sempre olhem a rotação de culturas de forma estruturada, pois isso irá garantir uma sustentabilidade do sistema agrícola da fazenda. Então, no momento da dificuldade, é que devemos investir em ações que garantem a perenidade da produtividade.

Todas as outras questões, nossos bons agricultores realizam de forma muito profissional o planejamento e a execução. Sendo assim, podemos focar nos pontos relacionados aos pós porteira.

Planejamento estratégico para agricultores iniciantes

Em um ano de crise com o ano de 2024, é muito importante que o agricultor procure se segurar com relação a precificação de uma porcentagem da produção, o que lhe garantirá a cobertura dos custos de produção e, se possível, os custos que ele possui na conta pessoal, para garantir todas as necessidades do ano. Uma oportunidade para isso são as trocas ou a fixação de parte da produção. A rentabilidade pode ser menor, porém ele conseguirá passar pela crise de forma mais segura e talvez mais tranquila.

Uma outra boa estratégia seria utilizar o excedente de produção desta safra para, ou realizar uma troca grão disponível, ou comercializar estes excedentes e negociar de forma à vista, os principais insumos. Com esta ação, certamente ele conseguirá administrar seus custos de forma muito efetiva.

Já para a indústria, estes anos normalmente são mais desafiadores, pois muitas vezes os custos de produção estão alicerçados nos custos da produção do ano anterior, onde as commodities normalmente estavam mais altas que as atuais.

Sendo assim, como nós podemos nos programar para evitar possíveis perdas e margens de lucro negativas? Esta é a pergunta de US$ 1.000.000,00!

Planejamento estratégico para agricultores experientes

Para os mais experientes do agro, este momento é complicado, mas temos a certeza de que ele irá passar. Com algumas dores para todas as empresas, ajustes de times, investimentos, custos operacionais e estoques desalinhados com a nova realidade do mercado agro (preços). Porém, é nessas horas que as empresas se reinventam e acabam por melhorar seus processos e realizar as mudanças necessárias que em tempos de bonança não olhamos.

Portanto, a melhor forma de nos prepararmos e atuarmos nestes momentos é, primeiro, cuidarmos das pessoas internas. Todas as empresas possuem talentos que precisam ser retidos neste momento e, como já ouvi a muito tempo de um amigo que trabalhava em uma agência de Marketing, “não podemos jogar o neném junto com a água do banho!”. Isso significa olhar as pessoas, cuidar delas, saber ouvir seus anseios e agir de forma muito franca com todos.

Conclusão: 

Será um ano difícil, mas todos juntos conseguiremos percorrer essa corredeira e sair do outro lado da margem. E com certeza, mais ágeis e também mais fortes. Nestes períodos, os talentos são mais assediados pelo mercado e também sofrem muito, pois seu espírito de time e comprometimento com o resultado são colocados a prova. Portanto, líderes, cuidem de seus times!

Do ponto de vista operacional, assim como a humanidade acaba evoluindo nos piores momentos de sua história (Grandes Guerras por exemplo), nós devemos aproveitar esse momento e nos desafiar a fazer mais com menos. Olhar cada ponto da cadeia produtiva e tentar inovar, trazendo novos olhares e também novas soluções que nos colocarão mais cedo nos trilhos novamente.

Os “prejuízos” podem e devem ser assumidos e diluídos ao longo dos próximos dois ou três anos, pois com isso conseguiremos voltar a ter folego para atender às demandas de nossos clientes.

E como último ponto de vista, nesses momentos ações que são focadas em relacionamento com nossos clientes são normalmente deixadas de lado, com a falsa ideia de que elas são somente custos, quando na verdade, estar próximo do nosso cliente nos dará cada vez mais conhecimento e oportunidade de reverter cenários complicados e trazer novas soluções para os problemas de nossos clientes.

É na crise que conseguimos separar os “meninos dos homens, ou meninas das mulheres”, como dizia sempre outro grande amigo meu, que hoje trabalha no mercado de irrigação.

Pensem nisso, se desafiem, e vamos juntos construir mais um ano no grande Agronegócio brasileiro!!

Um grande abraço e nos vemos por ai!

Escrito por: Max Fernandes

Max é Diretor de Operações Comerciais da Agrivalle, engenheiro agrônomo, possui mais de 24 anos de experiência no agronegócio e é professor associado da Cumbre.

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