fbpx

Por que Pierre Landolt, herdeiro da Syngenta, trocou o corporativismo pelo sertão da Paraíba?

A origem de Pierre Landolt e sua ligação com a Syngenta

Pierre Landolt nasceu em uma das famílias mais tradicionais e ricas da Europa, os Sandoz. Seu bisavô foi o fundador do grupo que deu origem a duas gigantes mundiais: a Syngenta, no setor agrícola, e a Novartis, no setor farmacêutico. Durante sua carreira, Pierre foi membro do conselho dessas companhias e participou de momentos marcantes, como a fusão entre a Novartis Agribusiness e a Zêneca Agrícola, que originou a Syngenta em 2000. Apesar de estar no topo do mundo corporativo, sua trajetória tomou outro rumo quando decidiu vir para o Brasil.

Como ele chegou ao Brasil

Depois de se formar em direito e servir ao exército francês como paraquedista, Pierre buscava novos desafios profissionais. Inicialmente queria ser transferido para o sudeste asiático dentro das empresas da família, mas foi direcionado ao Brasil em 1975. Chegou ao país sem falar português e com pouca expectativa. No entanto, ao viajar por diferentes regiões brasileiras, encantou-se pela diversidade, pela cultura e pelo potencial do país. Foi no sertão da Paraíba que encontrou sua verdadeira paixão.

O início da Fazenda Tamanduá

Em 1977, Pierre adquiriu uma propriedade em Santa Terezinha, no sertão paraibano, e fundou a Fazenda Tamanduá. O local possui cerca de 3 mil hectares e desde o início foi estruturado com base nos princípios da agricultura biodinâmica, sistema criado pelo filósofo Rudolf Steiner. Essa prática entende a fazenda como um organismo vivo, em harmonia com a natureza, sem o uso de defensivos químicos. Metade da área é destinada a reservas ambientais e corredores ecológicos, o que reforça o compromisso do empresário com a preservação ambiental.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Primeiros desafios e aprendizados

Os primeiros investimentos foram na criação de gado Pardo-Suíço e no cultivo de algodão. Contudo, o avanço do bicudo-do-algodoeiro nos anos 1980 inviabilizou a cultura. Pierre também testou outros cultivos, como aspargos, mas foi com as frutas que encontrou estabilidade. Ele começou a plantar mangas das variedades Tommy e Keitt, muito apreciadas no mercado europeu, e consolidou um modelo de exportação que gera até mil contêineres anuais de fruta.

A produção diversificada da fazenda

Hoje, a fazenda é referência na produção orgânica e biodinâmica. Além das mangas exportadas para a Europa, Pierre cultiva melões, arroz especial em parceria com a Embrapa e mantém uma produção leiteira com cerca de 400 animais. Também investe em mel, própolis e polpas de frutas. Outro destaque é a spirulina, uma cianobactéria conhecida como alga azul, utilizada na suplementação humana e animal. A produção já chega a 500 quilos por mês e atrai interesse de pesquisadores brasileiros.

Inovação e sustentabilidade no sertão

Pierre Landolt sempre buscou aliar tecnologia, pesquisa e respeito à natureza. Trabalhou com a Embrapa para desenvolver gramíneas adaptadas ao semiárido e mantém parcerias para ampliar a produtividade de suas culturas. Além disso, adota práticas de manejo que respeitam o equilíbrio ecológico. Sua estratégia garante não apenas sustentabilidade ambiental, mas também retorno financeiro, já que os produtos orgânicos têm maior valorização no mercado externo.

Conclusão

A trajetória de Pierre Landolt mostra como tradição e inovação podem caminhar juntas. Herdeiro de uma das famílias mais poderosas do agronegócio mundial, ele abriu mão do conforto corporativo para apostar em um projeto sustentável no sertão da Paraíba. A Fazenda Tamanduá se tornou um símbolo de agricultura biodinâmica, conciliando preservação ambiental, produção diversificada e geração de valor econômico. Sua estratégia evidencia que é possível unir responsabilidade social, respeito à natureza e viabilidade de mercado em um mesmo modelo de negócio.

Escrito por: Equipe Cumbre.

Gostou do conteúdo? Compartilhe

Recomendados para você





Receba gratuitamente o melhor conteúdo de negócios e carreira do agro!